sábado, 13 de dezembro de 2008

Alice Russell

No momento em que coloco aqui este vídeo estará a acontecer um concerto desta menina no "Music Box", em Lisboa. Vi o anúncio e fui tentar saber como e o que canta. Canta muito bem Soul/Funk. O vídeo podia ser melhor, mas até que não está despropositado. Fiquei com alguma pena de não ter ido ouvê-la.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Lisboa - a minha cidade

Hoje, a pretexto de cuidados com a minha saúde, fui até à cidade onde nasci. Arrumei o assunto saúde física e fui tratar da mental. Depois de uma breve visita a um centro de consumo para média/alta burguesia, só para dar uma olhadela nas edições musicais e revistas a condizer que não vi em lado nenhum, reconstrui-me em direcção à Gulbenkian, ou melhor, ao Centro de Arte Moderna (CAM), a fim de degustar algumas saladas com paisagem verde em pano de fundo. E fiquei maravilhada com o inusitado encontro com o eterno. As pessoas atrás do balcão, salvo uma ou outra, continuam as mesmas, são as mesmas. A montra continua tão bem guarnecida como há 30 anos atrás. Os jardins, inspiradores como sempre. Os mesmos ângulos de enquadramento, a mesma atmosfera de recolhimento artístico. Cada pessoa uma luz. O paraíso. Para finalizar, uma visita à feira do livro a decorrer no Museu Gulbenkian. Adquiri duas obras: uma teoria filosófica sobre religião, de David Hume e outra sobre gravura japonesa do séc.XX, porque continuo bastante interessada em cultura japonesa. Tratei da minha saúde mental, portanto.
Ainda dentro do tema desta minha intervenção bloguista, adorei passear um dia destes na Baixa, entrar em lojas que eu já nem sabia ser possível encontrar. Lojas que vendem sabonetes Musgo Real e Leite de Colónia (para a beleza realçar...), toucas para banho daquelas redondas e com folhos e mãozinhas para coçar as costas. Almocei um maravilhoso sável frito com açorda num restaurante cheio de patine na Rua dos Correeiros e comprei um chapéu que me fica a matar numa loja muito em voga para quem curte retro. Passeei no Martim Moniz e na Rua da Palma. E senti a cidade em toda a sua diversidade como já há muito não sentia. Ai esta alma alfacinha que só está bem onde sente o fado.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Paul Newman no Estoril

Sempre vi Paul Newman como um actor, um bom actor com uma imagem bela. Um olhar azul lindo e bom, a imagem ideal da estrela de cinema. Não conhecia a sua faceta de realizador. Nunca tinha calhado não sei porquê. A minha estreia, no entanto, foi um tanto ou quanto estranha. Se gostei da obra, desgostei-me profundamente da forma como me foi transmitida: Uma película velha e riscada e uma projecção em solavanco contínuo,  quase desde o seu início. Da maneira como a imagem saltava quase parecia  que alguém estava a fazer coisas inapropriadas para o local encostado à máquina de projecção. Saí de lá com dor de cabeça mas a querer rever o filme em condições decentes (e não estou a moralizar...). 
Tudo se passou no Centro de Congressos do Estoril hoje, entre as 15h e as 17h e 15m. O filme: The Glass Menagerie (1987), baseado na peça homónima de Tennessee Williams, com interpretação de Joanne Woodward, John Malkovich, Karen Allen e James Naughton. 
Conclusão: Paul Newman era um óptimo realizador. Tennessee Williams um excelente escritor. Todos os actores divinos. Mesmo aos solavancos, valeu a pena. Stop!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

American Evolution

Graças a Deus! Os Estados Unidos da América acabam de eleger a mudança, a esperança, o arquétipo dos seus ideais, a voz das suas mais urgentes aspirações, o homem que significa logo à partida a vitória do puro sobre os impuros, da raça humana sobre a segregação racial. Today, I am an American!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Jazz Dramático em Cascais

Tenho saído pouco, ultimamente. Mas quando saio, sou muuuito selectiva. E ontem, a coisa funcionou. Centro Cultural de Cascais (CCC) em busca de um jazz-ie...perdido no tempo em que desejei e não pude estar naquele dreamático pavilhão. Gostei do que vi, mas tenho duas coisinhas a apontar: 1. Insuficiência de informação em matéria de legendagem nas fotos e elementos expostos; 2. Toda a exposição parece girar em torno do seu organizador - o seu nome aparece em todo o lado, numa homenagem às suas próprias recordações do jazz. Não lhe tiro o mérito mas haveria matéria para muito mais, dentro desse mundo de apreciação autofocada. Duarte Mendonça ou Vilas Boas, para já não falar em José Duarte, para mim o expoente máximo da divulgação do jazz em Portugal até há bem poucos anos, foram enunciados bastante abaixo do que se exigiria. Mas, mesmo assim, valeu a pena e, se calhar, não fora a carolice do seu organizador, nem isto teria acontecido .

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Pôr do Sol

Vejo o Sol reflectido na casa em frente.
Está-se quase a pôr.
Daqui a meia hora desaparece por detrás da sombra desenhada por um arquitecto de casas para viver e morrer. Amanhã o Sol vai renascer.
E nós? Sonhamos diferente.
Mas não somos diferentes.
E é assim que é.
Mas o Sol continua a ser a nossa luz.
Uma luz que queima, que pode cegar, que nos pode evaporar. A noite é o abismo.
A lâmpada que ilumina o espaço não nos ilumina o espírito e ensombra a carne do nosso ser. Sombria, eu?
Não.
Busco respostas, como toda a gente.
E desencontro-me.
Rodeiam-me lógicas disfuncionais.
O outro indivíduo que me habita é um invasor. Palavras fortes?
Não.
Palavras que se atrevem a ser escritas,
porque consinto uma brecha no silêncio.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

haiken medera

Estou japãoadicta.
Se não aprender a falar japonês agora, não sei se algum dia vou retomar esta paixão e será uma perda para a minha cultura geral.
Só leio coisas japonesas, vejo filmes japoneses, e isto é de tal ordem que até um japonês meteu conversa comigo (em inglês, claro), talvez porque naquele momento eu estivesse interessada num livro de poesia japonesa (tanka, no caso)...E quiçá porque estivesse no CAM (Gulbenkian), Livraria Almedina, em pleno auge do acontecimento Jazz em Agosto, este ano muito dedicado ao... jazz japonês, lá está. Mas, pelos vistos, não sou a única a ter esta paixão (passada, presente ou futura). Em tempos, mais ou menos há 30 anos, esteve na moda ler Yukio Mishima e ouvir Riushi Sakamoto. Mas isso fazia parte de um composto de cultura pop, punk, funk, disco, euforia anos 80, outras coisas. Não isto. Isto é um interesse mais profundo, que ultrapassa, espero, a paixão. Mas, pelo sim pelo não, devia mesmo agarrar a oportunidade e aprender japonês. Deve ser fascinante.
Wenceslau de Moraes, por exempo, é um caso de imersão total no mundo japonês. O seu "Relance da Alma Japonesa", que li entusiática e divertida, faz o levantamento do que o autor considera a psiche do nativo, a sua impessoalidade, a ligação com a natureza, com as coisas simples, com a eterna renovação, com a ancestralidade. A comparação com a nossa forma de estar na vida é hilariante mas deixa-nos a pensar.
O japonês que me interpelou sabia da métrica tanka (31 sílabas = 5,7,5,7,7) e do haiku (17 sílabas ). Vi logo que era um homem culto.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Tempos menos bons?

Quando nos acontece algo de preocupante, e algo ainda mais preocupante, seguido de mais preocupações, parece que, de repente, a realidade se transforma numa espécie nevoeiro, sem horizontes definíveis, obrigando-nos a vaguear sem nexo, estuporados, prostrados. Mas, enquanto tal acontece, há uma luz, às vezes muito pequenina, que nos dá alento e impulsiona em direcções de optimismo e nos faz acreditar que tudo tem uma solução. Essa luz é O Sonho. Aquele sonho de que fala O Poeta. Aquela capacidade de ver cor onde só existe cinzento. Aquela força positiva do pensamento a guiá-lo para a claridade das ideias límpidas e apaziguadoras. Quando tudo parece em queda, afinal existe sempre a possibilidade de nos refazermos e restabelecermos contacto com A Harmonia. Basta Sonharmos e sabermos Querer. O Amor trata do resto.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

'Tá-se bem em Lisboa e nalguns arredores

Ele é o indie Lisboa '08, onde ainda é possível ver ou já ter visto "Patti Smith - Dream of Life", de Steven Sebring; ele é Pina Baush, que aí vem com o seu consagrado "Cafe Muller", para além de outras obras igualmente aclamadas nas suas anteriores visitas ao nosso país; ele são os variados espectáculos de Jazz que por aí vão acontecendo; ele foi Meredith Monk, no CCB, que tem um novo álbum - "impermanence"; ele é o relançamento da revista "Ler", sob a direcção, em continuidade, de Francisco José Viegas;e as feiras do livro que por aí se encontram a granel, uma na Av. de Roma, em frente ao Teatro Maria Matos, outra em Algés, à saída do comboio, outra no metro do Cais do Sodré. E quem vá a Cascais, também lá vai encontrar uma. 'Tá-se bem*.
*É certo que depende no ponto de vista de cada um.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Morre o Cinema Quarteto - Morre o seu fundador

A lógica implacável que atravessa estes factos e me faz chorar a dobrar.
A morte do cinema Quarteto fora mais um ataque feroz à memória da nossa cultura. Ainda se fosse transformado em museu do cinema, cristalização do que foi um lugar marcante de uma época de mudança e revolução na nossa sociedade, e prestada homenagem ao seu fundador. Mas não. Mataram também o seu fundador. Pedro Bandeira Freire morreu hoje, na sequência de um AVC - coisa que dá muito naqueles que sofrem grandes choques emocionais. Tinha entregue as chaves do Quarteto há cerca de um mês. Será que não havia hipótese de um subsídio extraordinário do Ministério da Cultura, ou da Câmara Municipal de Lisboa? Como é que não se encontra uma solução para uma coisa destas? Não se podia modernizá-lo, prolongando a sua vida com cinema alternativo, a exemplo das salas geridas por Paulo Branco?
Mas não. O assunto morreu, porque, a haver uma solução, o seu fundador deveria estar vivo para vê-la e com ela rejubilar. Agora é tarde demais!
Fica aqui um excerto de um artigo publicado recentemente no blog A Bomba, e que sintetiza o que se possa dizer sobre o assunto:
«O mais importante do Quarteto foi, todavia, a revelação de uma nova forma de programar, assente no amor pelas obras exibidas. A 21 de Novembro de 1975, abriu finalmente as suas portas. «Foi um espanto!», diz quem lá esteve. No mesmo prédio, quatro salas, quatro filmes em simultâneo: o primeiro multiplex de Portugal! Para os cinéfilos, foi o deslumbramento. Os filmes de estreia eram um luxo: S. Miguel tinha um Galo, dos Irmãos Tassani; Um Filme Doce, de Makavejev; Amor em Tons Eróticos, de Mai Zetterling; e E deram-lhe uma Espingarda… de Dalton Trumbo. Assim nasceu o Quarteto, com bilhetes a 30$00.» Aliás, é de ler o artigo completo.

sábado, 22 de março de 2008

No dia Mundial da Água

Esta é a água que me enche o espírito. Esta a fonte dos meus suspiros. Esta é a minha noção de infinito.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Duquesa de Medina Sidonia

Fiquei impressionada com esta senhora, primeiro por um artigo "In Memoriam", de José Cutileiro, publicado no jornal "Expresso" de 15 de Março passado, e, depois, por uma pequena pesquisa que efectuei na internet e que veio consolidar a primeira impressão com que dela fiquei: De foi uma mulher de uma coragem, frontalidade e dinamismo difíceis de igualar. Nascida no Estoril, em 1936 e falecida no dia 7 deste mês, "de causas naturais", segundo a imprensa espanhola, Luisa Isabel Alvarez de Toledo y Maura, conhecida como a "Duquesa Vermelha", foi, desde sempre, uma rebelde, ou melhor, uma contestatária, socialista, denunciadora de injustiças sociais e agindo de acordo como tal, tendo estado presa por isso mesmo, por ir contra tudo o que considerava errado na ordem social estabelecida.
Essa atitude perante a vida não obstou a que tenha sido a guardiã incansável do espólio de 500 anos herdado de sua ilustre família - uma das linhagens mais antigas de Espanha e da Europa.
Mas nada melhor do que transcrever o que Mário Soares escreveu para o "Diário de Notícias" sobre esta grande figura da aristocracia ibérica:
A Duquesa Vermelha. Como alguns semanários portugueses noticiaram, morreu, na passada sexta-feira, no seu castelo de Sanlúcar de Barrameda, na foz do rio Guadalquibir, Luísa Isabel Alvarez de Toledo y Maura, duquesa de Medina Sidónia e marquesa de Villafranca, uma dos "grandes" de Espanha.Era uma personalidade muito singular. Tendo nascido no Estoril, em 1936 - no ano fatal do golpe clerical-franquista contra a II República Espanhola, que se transformaria em cruenta guerra civil (1936-39) - numa família da mais alta aristocracia, aliás muito ligada a Portugal (Luísa de Gusmão, mulher de D. João IV, pertencia à linhagem dos Medina Sidónia), tornou-se em adulta republicana e anarquista, depois de um casamento infeliz, que desfez, assim que lhe foi possível.Pela parte da mãe era neta de António Maura, outro "grande" de Espanha, que foi ministro da República e avô em linha recta do intelectual e escritor espanhol Jorge Semprun, ministro da Cultura de um dos governos de Felipe Gonzalez. Conheci a duquesa de Medina Sidónia, quando se encontrava exilada em Paris, depois de ter estado presa nos cárceres franquistas, para evitar novas prisões. O Maio de 68 ainda estava próximo e o ar que se respirava em Paris, em pleno gaullismo, era de grande liberdade e não só política.Lembro-me que a conheci num jantar do Centro Republicano de Paris, em homenagem ao político catalão Companys, fuzilado pelos franquistas, onde se encontrava também a sua viúva. Nos arquivos da Fundação Mário Soares deve ainda haver uma fotografia desse evento onde eu figuro, sentado ao lado da Duquesa Vermelha. Falámos muito nessa noite. Naturalmente de Espanha, de Portugal e das respectivas libertações. Conspirámos um pouco. E ficámos amigos. Vimo-nos ainda algumas vezes em Paris. Depois da Revolução dos Cravos, visitou--me em Lisboa, não sem reconhecer que, finalmente, Portugal se tinha libertado da ditadura primeiro do que Espanha!Mas a transição espanhola veio logo em 1976-78. A duquesa de Medina Sidónia regressou a Espanha, entretanto. Filiou-se no PSOE. Participou em manifestações. Distribuiu terras suas às cooperativas de camponeses da Andaluzia. E, sobretudo, zangou-se com muita gente, porque era de feitio conflituoso, frontal, dizia o que pensava, sem papas na língua, e era muito senhora do seu nariz.Cansada da política, refugiou-se no seu castelo de Sanlúcar de Barrameda e meteu-se, furiosamente, a organizar o seu valiosíssimo arquivo histórico, com a colaboração da sua inseparável amiga alemã, Liliana, com quem vivia em união de facto, perfeitamente assumida. A última das suas originalidades consistiu em casar in articulo mortis, coerentemente, com a sua amiga Liliana, a quem deixou os seus bens.Um dia, era eu Presidente, telefonou-me para Belém. Disse-me que se tinha zangado com o reitor da Universidade Complutense de Madrid, que, aliás, era um homem consensual e pacífico, que conheci bem. Queria estabelecer um contacto com a Universidade de Coimbra, cujo prestígio conhecia desde sempre. Pediu-me, numa palavra, para fazer o contacto. Assim fiz. Contactei o meu amigo, reitor de Coimbra, Rui Alarcão, e disse-lhe do que se tratava. Ele ficou francamente interessado. E daí, partimos os dois, de automóvel, para Sanlúcar de Barrameda, onde passámos uma noite e jantámos com a Duquesa e a sua inseparável amiga e conversámos longamente. Uma noite divertida e encantadora.Acho que o acordo não chegou a concretizar-se. Infelizmente. Não sei bem porquê. Mas dessa noite - e da nossa conversa - ficou-me uma recordação indelével. Lembro-me que referiu e mostrou um velho relatório que encontrou nos seus arquivos, de um espião de Felipe II de Espanha, que assistira à batalha de Alcácer-Quibir e que assinalava ao Rei que D. Sebastião não tinha morrido e fugira. Lembrei-me de um grande romance de Aquilino Ribeiro - de pura ficção, Aventura Maravilhosa , que narra a fuga de D. Sebastião, depois da batalha, até chegar, após imensas peripécias, ao Escorial, para reclamar o trono ao seu tio Felipe II. Que o reconheceu e o mandou matar.Será que os sebastianistas teriam alguma razão ao afirmar, naqueles tempos, que D. Sebastião não morrera em Alcácer-Quibir?! Eis um enigma que alimenta há séculos a nossa História e a imaginação de muitos portugueses. (Por Mário Soares – no Diário de Notícias de 18.03.2008)
Notável, não?

segunda-feira, 3 de março de 2008

Françoise Sagan ou um mistério em Paris

Alguns dias depois da morte de Françoise Sagan, encontrava-me a passar uns dias em Paris e, tanta publicação à volta do assunto - capa de jornais, revistas e suplementos - acordou em mim uma vontade imensa de reler "Bonjour tristesse", seu primeiro e talvez mais conhecido romance. Escreveu-o quando tinha 18 anos e eu li-o quando tinha 14 ou 15 anos, sendo que fazia parte da biblioteca de casa de meu avô. Nunca mais o vi desde então. Era na sua língua original, em francês, e lembro-me que, para além de ter gostado muito, fiquei satisfeita por conseguir lê-lo sem grandes dificuldades. Agora percebo que tal se deve à sua escrita simples e acessível. A escrita de uma adolescente.
Com a ideia fixa de adquirir a dita obra, iniciei a minha procura e logo encontrei uma pilha de livros à venda numa grande e famosa loja de artigos culturais. Foi mesmo a primeira coisa que saltou à vista, quando lá entrei: uma edição acabadinha de sair, que compilava grande parte da sua obra, incluindo o "Bonjour tristesse", inúmeros exemplares empilhados em cima de uma bancada. Como a edição era um pouco cara e eu só queria mesmo aquela obra particular, não decidi logo a compra e optei por deixar para o fim a decisão, partindo dali para a minha deambulação costumeira pela zona da música, onde me detenho sempre bastante tempo.
Quando regresso ao local, já decidida a levar aquela edição, qual não é o meu espanto ao verificar que já não estava lá nenhum exemplar. Tinham desaparecido todos. Ou sido retirados, por alguma razão que não me foi explicada. Fiquei perplexa e um pouco desapontada, mas pensei que não iria, certamente, ter dificuldades em encontrar um exemplar do livro de estreia desta escritora numa qualquer outra livraria. Assim, comecei a perguntar por ele em tudo o que era livraria, e em todas me diziam que estava esgotado. Fui ficando cada vez mais obcecada com o assunto. Perguntei e perguntei, até que, aleluia, num alfarrabista, daqueles que têm bancadas de livros velhos no passeio em frente ao estabelecimento, um rapaz por acaso muito simpático, me responde sim, que tinha um exemplar lá fora, no passeio. Et voilá! Um livro de capa dura com impressão de um desenho de Paul Klee (Mise en Garde) e na lombada, tout simplement, Françoise Sagan Bonjour Tristesse. É o que se pode ver no cimo deste apontamento. O preço? Cinco euros. Acho que fiquei com um sorriso do tamanho do mundo. E não é que ainda hoje me interrogo sobre o que terá acontecido a todos aqueles livros que eu vi quando entrei no princípio desta história?

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Um anjo-da-guarda chamado João

João, um dos gatos que partilham comigo o orçamento familiar e o mesmo tecto, acaba de se revelar um providencial anjo-da-guarda, ao alertar os humanos co-habitantes, da eminência de um incêndio que poderia ter sido muito chato, para não dizer outras coisas. Obrigada João!!! Muito obrigada! Ah, não fora os animais e não sei não. Agora não me apetece contar como foi. Só sei que o gato João sabe que eu não tenho sete vidas. M(i)au, m(i)au!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Matar saudades de Trás-os-Montes

Saberão os pássaros, quando sobrevoam estas e outras paisagens, apreciar a sua força e beleza? Questionava-se, porque, enquanto na sua infância queria ter sido um pássaro-voador, agora achava que já só queria ter sido uma ave migratória, tipo andorinha, não obstante lhe desagradar viajar em excursões. Viajar e viajar e depois construir o ninho onde bem lhe aprouvesse, sempre a olhar o mundo de cima. Não por soberba, mas pela sensação de liberdade.
Viajar e ser livre. Livre e feliz.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O Estado de sítio do Mundo em geral - 1

Se atentados contra a vida de pessoas é mau, atentados contra a vida de pessoas inocentes (será que as há?) é pior, e pior ainda quando essas pessoas são crianças ou diminuídas, mental ou fisicamente, idosas, ou doentes. Agora, se atentados suicidas contra a vida de pessoas são horríveis, atentados suicidas cometidos por duas mulheres com problemas mentais, suicidadas por comando à distância é qualquer coisa que me deixou mentalmente de rastos, deprimida e de esperança definhada em relação à espécie humana. Até onde vai a capacidade de um ser humano fazer mal a outro?...
Se não me tem apetecido escrever é porque ando amargurada com estas e outras coisas que nos estragam uma visão poética da vida.
Não fora o sorriso que provocaram as obras arquitectónicas do nosso Primeiro, enquanto engenheiro, e permaneceria no limbo dos pensamentos obscuros.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Sundance Film Festival

Está a decorrer, de 17 a 27 de Janeiro, o Festival de cinema de Sundance, Utah, E.U.A.. Aqui se dão a conhecer, desde 1981, alguns dos melhores realizadores, actores e técnicos da arte cinematográfica que temos tido a grata oportunidade de apreciar, à posteriori, claro está.

Este certame teve como co-fundador, o actor e realizador Robert Redford, cuja filha, Amy Redford, se estreia, este ano, também como realizadora, com o filme "The Guitar".

Isabella Rossellini também participa, como realizadora e actriz, em "Green Porno"- ver entrevista e imagens no site do SFF.

Outro dado agradável, a participação de Patti Smith como cabeça de cartaz do festival de música que decorre em paralelo.

Fica aqui o link para se ter uma ideia do que por lá se passa.

sábado, 19 de janeiro de 2008

"Corações com mau feitio"

O Coração, nosso orgão vital, regulador emocional, sentimental e passional é o objecto de "dissecação" artística da extaordinária artista plástica de nome Alexandra Mesquita, cuja nova exposição foi inaugurada no dia 19 de Janeiro, na Galeria Arte Periférica, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
São 50 corações, os intervenientes activos nesta insólita e excelente mostra de mais uma criação articulada, como é habitual nesta artista, com uma reflexão e consequente depuramento do tema que se propôs.
Recordo-me de algumas das suas anteriores escolhas temáticas, cérebros (Pronto a servir de cérebros), objectos do nosso quotidiano (Objectos com Problemas Existenciais), e a escrita (Escrita Irrequieta, Escrita que se fia, e Escrita Arrepiada ). Em todas, um trabalho que nos deixa surpreendidos, porque, para além do resultado estético, regra geral muito apelativo, oferece-nos duas formas de visualização, uma de conjunto, de síntese do seu corpo inteiro, em que o objecto-tema nos é dado ver em variações cromáticas e de textura, e outra de leitura dos seus elementos constitutivos, quando nos aproximamos de cada um dos seus quadros e apreendemos a sua essência, enquanto composição, e descobrimos que, afinal dentro de cada um há uma outra obra, quase que uma encenação, que explica o primeiro impacto visual que antecedeu a aproximação ao objecto. De referir ainda que Alexandra é eloquente e solícita na introdução à sua criação, numa verbalização entusiamada e entusiasmante de geométricas filosofias.
Penso que, com esta exposição, Alexandra Mesquita fica decisivamente consagrada no grupo dos artistas plásticos notáveis do século XXI.

Francisca - A cadela mais linda desta vida

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Não queria ver o fundo do poço...

...mas aquele rapaz japonês, que me acompanha já há algum tempo, em folhas A5, nos 15 minutos que antecedem o mergulho no lado do intangível, quis, por força, que eu o vi-se. Estou a falar do fundo do poço. Sensação apenas comparável a estar numa estação de comboios, à hora de almoço de um dia de Natal. Só o som do mar melhora a imagem.
Mais uma charada, depois da ainda não resolvida história de Lamego.
Não descanso enquanto não devorar as restantes 300 páginas. E depois, estou a pensar enviar para Tóquio a conta do oftalmologista.
Fabuloso! (Escritor...)

sábado, 5 de janeiro de 2008

Música Grande num dia de Chuva Miudinha

Chove miudinho e eficaz, mantendo o dia numa tonalidade crepuscular.
A eficácia da chuva que resolveu, hoje, permanecer pequenina, só para provar que "pequenina mas boa", sentiu-a quando saiu à rua, para passear a cadela. Nobres e duras missões de quem tem estes deveres. Cinco minutos depois, estavam de volta, completamente encharcadas. Miudinha, hein? E não satisfeita, voltou a sair para cumprir com um ritual - comprar o "Expresso". É sábado. Vinte minutos de chuva(inha), que tratou de esquecer, mudando de roupa e instalando-se a ler o jornal. Como pano de fundo musical, e visual, o DVD "The Complete Tokyo Concert" de Chet Baker (1987). Uma belíssima gravação de som, imagem nem tanto, para uma excelente performance. Deitou a sua lagriminha de emoção quando ouviu "Almost Blue"(Elvis Costello). Gostou também muito de "My Funny Valentine"(R.Rodgers-L.Hart), de "Seven Steps to Heaven"(Miles Davis-V.Feldman), "Stella by Starlight"(N.Washington-V.Young). Mas a voz, aquele som doce, sentimental, sensual e com um brilho eternamente jovem. O scat perfeito, como se entre a trompete e a voz não houvesse diferença, como se cantar ou tocar trompete fossem uma expressão única, sujeita apenas ao acaso de escolher uma ou outra formas de execução. E entre o "Expresso" e a música, que não conseguiu ser só de fundo, esqueceu que, lá fora, o dia não tinha passado de um crepúsculo. Moral da história: Podemos sempre alterar a cor dos nossos dias, de preferência para melhor.