Vejo o Sol reflectido na casa em frente.
Está-se quase a pôr.
Daqui a meia hora desaparece
por detrás da sombra
desenhada por um arquitecto de casas para viver e morrer.
Amanhã o Sol vai renascer.
E nós?
Sonhamos diferente.
Mas não somos diferentes.
E é assim que é.
Mas o Sol continua a ser a nossa luz.
Uma luz que queima, que pode cegar, que nos pode evaporar.
A noite é o abismo.
A lâmpada que ilumina o espaço não nos ilumina o espírito e ensombra a carne do nosso ser.
Sombria, eu?
Não.
Busco respostas, como toda a gente.
E desencontro-me.
Rodeiam-me lógicas disfuncionais.
O outro indivíduo que me habita é um invasor.
Palavras fortes?
Não.
Palavras que se atrevem a ser escritas,
porque consinto uma brecha no silêncio.
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