sexta-feira, 5 de março de 2010

A pastorinha de António Lobo Antunes

A primeira coisa que li com jeito, hoje de manhã, e que tive mesmo dificuldade em terminar a sua leitura, foi a crónica de António Lobo Antunes na revista Visão, ontem posta à venda (nº.887). A dificuldade citada não decorre de qualquer dificuldade de compreensão do texto ou até de concentração, é que a emoção desassossegou-me os sacos lacrimais e, com os olhos invadidos de lágrimas não é possível ver-se grande coisa. Foi, portanto, a custo de cheguei ao fim de uma das mais belas homenagens que se podem fazer a uma mãe. Aliás, sempre que "ataco" um escrito de Lobo Antunes, tenho de me preparar psicologicamente para o abano emocional. Normalmente riu e choro. Desta vez foi só lágrimas e um sorriso triste que acompanharam um sentimento de plenitude que há muito não sentia enquanto leitora. Salvé, António Lobo Antunes! Bem haja!
Quanto à revista Visão, a minha favorita na especialidade, só tenho a apontar um desaire que fez com que eu não a tivesse comprado na semana passada, mas vi que já se retratou nas suas cartas aos leitores. Aquela capa revoltou-me. Não há o direito de: 1º. Expôr a pessoas mais sensíveis a uma imagem chocante como é aquela; 2º. Faltar ao respeito da família do exposto e, 3º. faltar ao respeito ao próprio que não lhe bastava ter morrido e ainda ser objecto da curiosidade mórbida que alimenta algumas criaturas com as quais evito cruzar-me nesta vida (e já agora nas próximas, também).

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