Não era fácil convencer-se de que a juventude já tinha ficado para trás e que os tempos se alteravam à velocidade do tempo.
Observava tudo com muita sofreguidão, como se fosse perder a capacidade de memorizar e não pudesse rever na mente o que os seus olhos tinham captado. Olhava-se ao espelho e surpreendia-se com a quantidade súbita de rugas que lhe apareciam no rosto.
Depois, já não se expressava com a ligeireza de outros tempos. Parecia que as palavras não se faziam entender, e que os outros tinham dificuldade em perceber o que pretendia comunicar.
A pouco e pouco, foi-se isolando dos outros, evitando confrontos de que podia sair com problemas de afirmação e outras mágoas irreversíveis no seu ego.
Fugia de médicos, porque desconfiava.
Refugiava-se no seu espaço, só com as suas coisas favoritas, que só partilhava com Seres muito especiais.
Mas não se sentia só.
Apenas sentia cansaço.
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