domingo, 19 de abril de 2009

Agrippina de Handel

(Agrippina e Claudio - Foto Google)
Em homenagem a Handel (1685-1759), desaparecido há 250 anos, deixo aqui uma tradução livre da sinopse da ópera Agrippina*, actualmente em cena no T.N.S.Carlos, em Lisboa.
*A partir da tradução inglesa de George Hall, do original de Gloria Staffieri (Libreto de Vincenzo Grimani).
A acção passa-se em Roma, meados do Séc.I.
1º. Acto
Agrippina, mulher do imperador Claudio, explica ao seu filho Nero que é chegado o momento de ele ascender ao trono. Mostra-lhe uma carta na qual é revelado que Claudio morreu, vítima de uma tempestade no mar. Agrippina não perde tempo e, sendo pessoa de não olhar a meios para atingir os seus fins, manda chamar, sem que nenhum saiba do outro, os cortesãos Pallante e Narciso, que sabe estarem por ela apaixonados. A cada um deles confia as novas do desaparecimento de seu marido e pede-lhes que, em troca do seu amor, apoiem, no Capitólio, a nomeação de Nero como seu sucessor. Mais tarde, quando ao povo e no Capitólio, é anunciada a morte de Claudio, ouvem-se imediatamente as vozes de Pallas e Narcissus a apoiar Nero como novo César. Agrippina e Nero estão prestes a ascender ao trono, quando o servo de Claudio, Lesbo, surge de súbito a anunciar que o imperador desembarcou em Anzio, são e salvo, graças à ajuda do valoroso Ottone, e acrescenta que, como recompensa de o ter salvo, Claudio prometeu a Ottone o trono. Perante estas notícias, os quatro conspiradores ficam desnorteados. Porém, numa conversa privada, Ottone confia a Agrippina que prefere o amor de Poppea ao trono. Sabendo que Claudio também ama Poppea, Agrippina desenha um novo esquema que permitirá ao seu filho ascender ao poder. Vai a casa de Poppea e, assegurando-se de que ela ama Ottone, diz-lhe que ele a traiu cedendo-a a Claudio por forma a obter o trono e sugere-lhe que, como vingança, ela provoque ciúmes a Claudio, dizendo-lhe que Ottone, inchado com o seu novo papel, lhe ordena que recuse Claudio e se lhe entregue. Perante isto, Claudio punirá Ottone retirando-lhe o trono. Poppea cai na armadilha e, quando Claudio chega, segue à letra o plano de Agrippina, obtendo dele tudo o que deseja.
2º. Acto
Entretanto, numa rua de Roma, perto do palácio imperial, Pallante e Narciso, tendo descoberto os planos de Agrippina, decidem formar uma aliança. Ottone, nervoso com a sua coroação eminente, quando Claudio chega aclamado pela multidão, vai ter com ele para lhe lembrar do prometido. Mas este repele-o brutalmente, chamando-lhe traidor. Consternado, Ottone pede apoio, primeiro a Agrippina, depois a Poppea, mais tarde, a Nero, mas todos se distanciam dele, deixando-o mergulhado no mais profundo desespero. Mas Poppea começa a acreditar que a infelicidade de Ottone é genuína e a duvidar da sua culpa e desenvolve um estratagema para descobrir a verdade. Vendo-o aproximar-se, senta-se num recanto do seu jardim e finge estar a dormir, e fingindo falar a dormir revela-lhe o que Agrippina lhe disse, que ele a tinha cedido a Claudio em troca do trono. Quando Ottono, contrariando as mentiras da mãe de Nero, declara a sua inocência, Poppea vê finalmente os desígnios de Agrippina e jura vingar-se. Agrippina, entretanto, apercebendo-se da gravidade da situação, planeia mais crimes: Primeiro, manda chamar Pallante e promete-lhe o seu amor se matar Ottone e Narciso; de seguida, pede a Narciso que mate Pallas e Ottone. Se, neste momento, os cortesãos não se deixam por ela enganar, já com Claudio tem melhor sorte. Dizendo ao seu marido que Ottone planeia vingar-se dele pela perda do trono, pede-lhe que se apresse a declarar Nero o seu sucessor. Claudio, impaciente por partir para estar com Poppea, dá-lhe o seu consentimento.
3º.Acto
Poppea, que deseja reparar o mal feito a Ottone, concebe um plano: Dá instruções ao seu amante para se esconder e controlar o seu ciúme, ouça o que ouvir. Nero: (Que ela tinha previamente convidado) chega: Também ele ama Poppea e arde de desejo por ela, mas esta diz-lhe que sua mãe está prestes a chegar e convence-o a esconder-se. A seguir, chega Claudio, e Poppea queixa-se que o imperador não a ama realmente e, quando ele lhe relembra tudo o que fez por ela, mencionando o castigo de Ottone, Poppea sustenta que foi mal compreendida, não tinha Ottone a importuná-la, mas sim Nero. Poppea esconde então o imperador e chama Nero, que, acreditando que Claudio já se foi embora, sai do seu esconderijo e retoma o seu discurso amoroso. Claudio interrompe-o e manda-o embora com rudeza. O plano funcionou: Livrando-se de Claudio com uma desculpa, Poppea conduz Ottone para fora do seu esconderijo e os dois, reconciliados, juram-se amor eterno. Entretanto, o enredo adensa-se: Nero conta a sua mãe a recente desgraça e pede-lhe que o defenda da fúria de Claudio, enquanto Pallante e Narciso informam Claudio da conspiração urdida por Agrippina durante a sua ausência, de tal modo que, quando Agrippina apressa Claudio na coroação de Nero, Claudio acusa-a do crime de usurpação de poder. Ela admite ter lutado pela coroação de Nero, mas defende-se clamando tê-lo feito para prevenir o pior: Perante as notícias da morte de César, soldados, povo e Senado uniram-se de imediato para a sucessão e então, para assegurar que o trono permanecesse nas mãos de Claudio, aclamou Nero. Claudio fica convencido pelas palavras de Agrippina. Mas esta imediatamente aproveita para o acusar de traição, pressionando-o a manter distância de Poppea, dizendo-lhe que esta é amante de Ottone, o que ele refuta, dizendo-lhe que é Nero quem deseja Poppea. Quando Poppea, Nero e Ottone chegam, Claudio acusa Nero de se ter escondido nos aposentos de Poppea, o que este não pode negar. Entretanto, no meio de todo este tumulto, e para surpresa de todos, o imperador ordena que Nero se case com Poppea e Ottone seja o seu sucessor. Mas esta solução não satisfaz nenhuma das partes envolvidas, pelo que Claudio, desejando pôr um fim no conflito, cede o trono a Nero e oferece Poppea em casamento a Ottone. Por fim, chama Giunone (Juno) para abençoar todos e trazer glórias ao império.

3 comentários:

Paulo disse...

Ora aqui está algo que sempre dá jeito a quem lá for.

Paulo disse...

Embora, segundo Augusto M. Seabra, a história esteja um bocado esquartejada (não há cá Giunone no final).

Bem-me-quer disse...

Foi isso que pensei, quando tive esta "trabalheira". Já é tempo de me tornar útil aqui na blogosfera.
E também reparei na observação de Augusto M.Seabra,que me deixou sossegada, porque andei à procura da personagem no elenco do TNSC e não a encontrei e, claro, pensei que era eu que estava algures errada...(Lá estou eu com um pé para a rima)