O Coração, nosso orgão vital, regulador emocional, sentimental e passional é o objecto de "dissecação" artística da extaordinária artista plástica de nome
Alexandra Mesquita, cuja nova exposição foi inaugurada no dia 19 de Janeiro, na
Galeria Arte Periférica, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
São 50 corações, os intervenientes activos nesta insólita e excelente mostra de mais uma criação articulada, como é habitual nesta artista, com uma reflexão e consequente depuramento do tema que se propôs.
Recordo-me de algumas das suas anteriores escolhas temáticas, cérebros (Pronto a servir de cérebros), objectos do nosso quotidiano (Objectos com Problemas Existenciais), e a escrita (Escrita Irrequieta, Escrita que se fia, e Escrita Arrepiada ). Em todas, um trabalho que nos deixa surpreendidos, porque, para além do resultado estético, regra geral muito apelativo, oferece-nos duas formas de visualização, uma de conjunto, de síntese do seu corpo inteiro, em que o objecto-tema nos é dado ver em variações cromáticas e de textura, e outra de leitura dos seus elementos constitutivos, quando nos aproximamos de cada um dos seus quadros e apreendemos a sua essência, enquanto composição, e descobrimos que, afinal dentro de cada um há uma outra obra, quase que uma encenação, que explica o primeiro impacto visual que antecedeu a aproximação ao objecto. De referir ainda que Alexandra é eloquente e solícita na introdução à sua criação, numa verbalização entusiamada e entusiasmante de geométricas filosofias.
Penso que, com esta exposição, Alexandra Mesquita fica decisivamente consagrada no grupo dos artistas plásticos notáveis do século XXI.